terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

“Eu acredito em Al Gore”. 12/07



Goiânia, calor, calor Goiânia... Hoje fui dominada por uma terrível compulsão... Escrever sobre o calor que está assolando nosso estado e nossa capital. Não posso me calar! Feriado de dia das crianças, pensei em várias opções de viagem e rechacei todas sistematicamente, resolvendo não viajar. Em um primeiro momento cogitei em Pirenópolis, mas, segundo informações de amigos, devido à seca, as cachoeiras e rios estão com pouquíssimo volume de água. Depois pensei Caldas Novas. Nossa! Só de pensar fiquei agoniada... Tudo que eu consigo imaginar é uma piscina com água bem geladinha... Convidaram-me para ir ao Mato Grosso, descobri que lá é que estava quente mesmo, desisti! Bom, no final fiquei por aqui mesmo, organizando um fim semana light... Mas, nesse dia das crianças, coitada delas, a temperatura estava opressiva.
No início do dia, chamei todos os sobrinhos e fui para a piscina... Entre o esforço de espalhar sistematicamente toneladas de filtro solar nas costinhas infantis, garantir o suprimento de água e refrigerante, retirá-los do sol escaldante do meio-dia e de dentro da água, à custa de muita birra, até que foi divertido... O dia foi passando, fervente, molenga, como que cozinhando em fogo brando... Depois do almoço, crianças chorosas, mães extenuadas, “tias” estressadas, na batalha de lutar contra o cansaço e a temperatura...
No final da tarde, o céu se tornou embaçado, com leves tons de violeta, mesclado de alaranjado... Parecia que uma nuvem pairava sobre a cidade, que esfalfava de calor e poeira suspensa...Sentada em um barzinho, tomando uma refrescante tigela de açaí, comecei a meditar sobre o aquecimento global. Pela primeira vez, confesso, acreditei em todas as previsões de “Al Gore”, o Vice- presidente de Clinton. Aquele, do documentário, “Uma verdade inconveniente”. Um dos ganhadores esse ano do Prêmio Nobel da Paz. Noticiado agora enquanto escrevo.
No início, quando se falava nesse assunto, camada de ozônio, meio-ambiente, eu não dava importância nenhuma, até desconversava... Confesso que achava que era mais uma bandeira que os políticos levantavam, procurando atenção. Mas, hoje, tive um insight, olhando o céu, observando a natureza ressequida, as pessoas extenuadas, percebi claramente que existe algo errado. De alguma maneira a terra não está reagindo da forma habitual. As últimas primaveras, decididamente não são como as de minha infância. Coloridas, floridas e com chuvas esporádicas e agradáveis...
No meu delírio imaginativo, fiquei me lembrando de quando eu era criança. Os banhos de chuva que já tomei, sob os protestos enérgicos de minha mãe. Só me arrependo de ter tomado poucos... Hoje daria tudo pra sentir o cheiro da chuva castigando a terra, pisar o barro, olhar para o céu e ver nuvens escuras pesadas, despejando água sem dó, fertilizando os campos e preparando o cenário para mais uma farta colheita... Milho para pamonha, pequi, jabuticaba, ingá, tudo de maravilhoso que o cerrado nos proporciona...
Termino esse artigo com um suspiro sentido e uma certeza. Vou começar a fazer a minha parte, se depender de mim vou contribuir para diminuir esse cenário horrível que se descortina. Vou reciclar lixo, papel, tudo. Economizar água. Andar mais a pé. Etc...Sim, Al Gore, quero garantir para os meus netos a possibilidade de tomarem esse banho de chuva, de correrem pelos pelas ruas com a água batendo no rosto e um sorriso estampado na cara; e o principal, vou pegar o meu terço e fazer uma novena pra Nossa Senhora Aparecida, afinal, na verdade o dia hoje é dela. Adivinhem o que eu vou pedir? A melhor coisa do mundo: Água. Simples assim.
Eliane Brito é escritora e advogada.

5 comentários:

ANDRÉ FERRER disse...

Boas letras por aqui heim! Abraços.

Unknown disse...

Gostei, Eliane!!! Cada um tem mesmo que fazer a sua parte. E lembre-se que nós recebemos lixo reciclável, lâmpadas fluorescentes, óleo de cozinha usado e ainda pilhas e baterias.

Grande beijo...

Daniel Tonet
www.yoga-go.com.br

Unknown disse...

Olá Eliane...
Parabéns pelo blog...Está muito legal...
Bjos...

Anônimo disse...

Mas do que pensar no aquecimento global, me senti dentro da sua rotina. O texto é de uma clareza (disse que deixei a lucidez à parte) e exatidão que me surpreenderam. Me revistitei, mãe de filharada pequena (bem jeitão da Cora Coralina), filha de sangue, filhos da alma, cuidando de tudo e de todos. Desculpe se não consegui pensar em questões mais relevantes. Sua narrativa me inbebriou ee conduziu-me por caminhos mais lúdicos.
Parabéns pelo talento! vou ler os demais e posto os reespectivos comentários. linda e talentosa, precisa mais? sempre precisa, escritores são insatisfeitos por natureza.

Unknown disse...

É...definitivamente temos uma grande escritora na familia!!!
Parabéns... assunto bacana e importantissimo!!!
Os outros textos tambem sao muito legais...
Acho que ja pode começar a pensar num segundo livro ai hem!!!
Um grande beijo, saudades!!!