quinta-feira, 28 de maio de 2009

ADULTESCÊNCIA.


Um fenômeno cada vez se torna mais comum. A adultescência. Esse neologismo, surgido da junção das palavras, adulto e adolescência, é cada vez mais usado pelos psicólogos. Uma pessoa amadurecida, que após os quarenta anos, apresenta postura típica de um ser na puberdade. Contestam, deixam o cabelo crescer, fazem tatuagens, viajam por meses a fio, compram motos, se permitem coisas que não se permitiram na juventude.
Conversando com uma amiga, sobre a transformação pela qual passara seu marido –que de empresário sério se transmutara em uma mistura de roqueiro com motoqueiro- ela com cara desconsolada me disse: _ Amiga, depois de velho ele resolveu ficar jovem! Sua resposta retrata o drama ocasionado por essa tendência. A busca da juventude perdida incomoda. Um monte de gente! A descoberta de que esses jovens adultos podem ter muito vigor e saúde para explorar o mundo, desloca paradigmas.
Na verdade, o grande mote do ser humano é a busca, única, pessoal e intransferível de algo que dê sentido às suas vidas. Quando somos adolescentes, nos deparamos com aquela que será a nossa grande companheira, por um bom pedaço de estrada, a dúvida. Essa criatura está sempre assoprando em nossos ouvidos: Será? Será que meus pais estão certos? Será que essa ideologia é a correta? Essa é a melhor forma de se estruturar a sociedade? Casamento, será? Teoricamente, todas essas dúvidas seriam respondidas no período maduro da vida. Adulto seria aquele detentor de todas as respostas e certezas, será?
Perdemos nas últimas gerações o hábito de questionarmos profundamente sobre as questões da vida. Na década de sessenta, quando a educação tinha um caráter holístico, o costume da reflexão era afiado pelo estudo, desde os mais tenros anos, de filosofia, sociologia, teologia, etc. Hoje em dia o comando é outro. Celeridade. Rapidez. Fazer e acontecer. A internet é a grande unificadora do planeta. Você só existe se o seu nome estiver no google. Nem que seja nas páginas do orkut.
A palavra da hora é reinventar. Mudar sempre e em processo acelerado. E aí, as pessoas se descobrem mais... Mais roqueiro, mais aventureiro, mais desbravador, mais zen, mais marombeiro... a lista é infinita. E o bom é que não precisamos de adolescência para isso. Podemos nos transformar a qualquer tempo. Saramago disse, em seu Ensaio sobre a cegueira: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.” Que seja garantido mais esse direito no mundo moderno. O direito de se procurar e se achar. Caso isso não ocorra, continuar procurando... Se você é mulher, marido ou filho de um adultescente, digo apenas, aplauda e apóie!

ELIANE BRITO, é escritora, cronista, advogada, autora do livro “Do pequi ao sushi - Crônicas de viagem.” eliane@rodovalho.com

terça-feira, 26 de maio de 2009

RONALDINHO, RONALDINHO...


Olhando o rosto cínico e debochado de um criminoso (que matara e esquartejara uma jovem) no momento em que lhe era lida a sentença, senti minha face pegando fogo. Não tenho dúvidas de que no cursinho básico de direito penal, que ele já participara na prisão, seus colegas o alertaram de que aquilo ali não iria dar em nada, ou muito pouco... A sentença arbitrou vinte e um anos de reclusão. Na prática ele ficará encarcerado em torno de sete anos ou no máximo oito.
Uma das principais teorias do Direito Penal é a relação de causalidade. Todos os elementos que contribuem para a existência do resultado devem ser levados em consideração. Em decorrência lógica à prática de crimes, ocorre a punição. Isso no maravilhoso mundo das idéias, do abstrato. Em nosso país é diferente. Nesse intervalo entre o crime e a punição muita coisa vai acontecer. As leis penais estabelecem um acordo tácito com o cidadão. Não proíbem nada, apenas descrevem uma conduta e prevêem uma pena caso a mesma venha a ser infringida. Deste modo, de onde decorre o medo da punição? Da crença geral que alerta: _Olha, se você praticar essa conduta, a punição poderá ser de pena de prisão, cadeia mesmo... E assim, os dispositivos penais vão coibindo a prática de determinadas ações que prejudicariam a vida em sociedade.
Entretanto, no Brasil não é isso que ocorre. Nós, advogados, que vivemos o dia-a-dia dos tribunais e também o cidadão comum (que a tudo acompanha de olhos arregalados em frente à televisão), ficamos indignados com o sistema penal da forma que está estruturado. Para começo de conversa, existe um limite legal (art.75 CP) que diz que o criminoso não pode cumprir mais do que trinta anos de cadeia. É o cúmulo! Essa disposição garante que verdadeiros monstros sejam colocados em liberdade. Aí, você pode me dizer: _ Existe a lei dos crimes hediondos, ela é mais severa. Eu te responderia: _Que nada! Os tribunais superiores já descaracterizaram totalmente essa lei, permitindo progressão de regimes, liberdade condicional, etc.
A impressão é de que a justiça trabalha para que o bandido desfrute de sua liberdade. Enquanto isso, os aqui, pagadores de impostos, moram em verdadeiras fortalezas. Os mais abastados em condomínios fechados, com sistemas avançados de segurança. Os mais humildes em pequenas prisões particulares, com grades, câmeras, portões eletrônicos, cachorros ferozes. Mesmo assim, sem o sentimento de segurança.
Nosso código penal data de 1940, com algumas reformas posteriores. Chegou à hora de mudar. E mudar para endurecer a legislação. Devemos pensar que a justiça não é feita para o cidadão comum. A justiça criminal é feita para aqueles que infringem a lei. Felizmente a prática demonstra que em países onde a legislação é mais severa existe uma ligação direta, um nexo de causalidade, entre a gravidade da pena e a diminuição no número de crimes. Precisamos fazer algumas mudanças com urgência. O poder legislativo precisa se mobilizar e ter a coragem para fazer as alterações necessárias.
Vivemos no país dos subterfúgios e estratagemas, assim, pensei em algo que prendesse sua atenção, caro leitor. Portanto, o título foi somente um chamariz, queria tratar na verdade era de reforma penal mesmo!

ELIANE BRITO é escritora, advogada e cronista. (eliane@rodovalho.com.br) Publicado no DM do dia 20 de maio de 2009.

terça-feira, 12 de maio de 2009

“MÃE, amor incondicional.”

"Batatinha quando nasce,
se esparrama pelo chão,
mamãezinha quando dorme
põe a mão no coração."

O ano era 1984. Na época eu era uma adolescente atrevida de quatorze anos. Cara a cara com minha mãe eu a desafiava. Com a mala pronta, preparava-me para deixar a cidadezinha onde havia crescido e mudar para Goiânia. Iria cursar o segundo grau. Mamãe com voz chorosa pedia para que eu não fosse; que continuasse estudando ali e mudasse só por ocasião da faculdade. Eu irredutível. Argumentava com convicção: _Mãe, coloca uma coisa na sua cabeça, minha vida nunca vai ser igual a sua, está entendendo? Você acha que eu vou passar minha vida sendo uma mera “dona de casa”? Falei com ar desdenhoso. Ela cabisbaixa somente respondeu: _ Tenho muito orgulho de ser dona de casa! Com um olhar profundo e triste me fitou e disse: _ Está bem, minha filha, vai com Deus! Peguei a mochila joguei nas costas e puxando a mala, segui, sem olhar para trás.
É incrível como passei tantos anos da minha vida perseguindo esse objetivo. Ter uma vida diferente de minha mãe... Em minha superioridade, me policiava até para não repetir gestos ou trejeitos típicos dela. Como podemos ser tão cegos para não perceber os anjos que Deus coloca em nosso caminho. Durante minha vida despedi muitas vezes de minha mãe e essas cenas me marcaram. Lembro-me de sua expressão de terror quando, me despedia dela em particular, antes de cada parto. Deitada na maca sempre falava a mesma coisa: _Mãe, se eu morrer cuida das minhas filhas! E ela passava a mão na minha testa e dizia você não vai morrer não... quando você sair eu estou aqui te esperando. Deus te abençoe! Bastavam aquelas palavras para eu me sentir mais forte. Palavras que dissipavam o medo.
Minha vida é como um mar turbulento. A de minha mãe plácida, contemplativa, como um lago. Nunca vivenciou a maioria das coisas pelas quais lutei. Aprendi a andar de bicicleta quando criança e ela comentava com todos orgulhosa, nunca aprendera... Aprendi a nadar, ela ali, me aplaudindo. Tinha pavor de água. Aprendi a dirigir, ela andava ao meu lado toda orgulhosa. Nunca veio a aprender. Quando me formei, o único olhar da platéia que me interessava era o dela. Estava ali, com os olhos marejados de lágrimas. Levantei o canudo e sacudi em sua direção. Afinal, o diploma era mais dela do que meu. Quando recebi meu primeiro salário. Fiz uma festa! Ela bebeu até uma taça de vinho... Ao contrário de mim, não bebe nunca! Eventos, recepções, minha mãe lá... assando bolo, polindo os móveis, me recebendo sempre com um quitute, um mimo. Viajei, rodei mundo, ela ali, firme, administrando minha casa, cuidando de minhas filhas, orando para que Deus guardasse os meus caminhos.
Nesse ínterim fui relaxando. Fui deixando que ela sobrevivesse dentro de mim. Que os seus exemplos e ensinamentos crescessem em minha vida. E hoje, olhando minha história, vejo o quanto tenho dela. Quando deito minhas filhas no colo e faço um cafuné, não sou eu que está lá, é ela. Quando faço um jantar gostoso e fico fiscalizando em volta da mesa, repondo os pratos vazios, ela está nos meus gestos. Quando minhas filhas saem para a balada e eu acendo uma vela para Nossa Senhora, será que sou eu mesma quem acendo? Quando aconselho, chamo a atenção, às vezes posso vê-la falando pela minha boca. Ela faz parte de mim, é inegável. E as cenas vão se repetindo e recriando. Há pouco tempo atrás, quando ela foi passar por uma cirurgia, estava na maca para ingressar no centro cirúrgico, olhou nos meus olhos e falou: _filha, estou com medo de morrer! Se eu morrer, você cuida do seu pai... Eu senti um pavor tremendo quando ela disse isso, mas, me controlei e respondi com segurança enquanto passava a mão na sua testa: _Mãe, você não vai morrer, não... Quando você sair eu estou aqui te esperando. Vai com Deus! E assim fiz.
Hoje, penso em como seria rica, se tivesse tido uma vida exatamente como a de minha mãe. Vida que se nutriu nas paredes do lar, no relacionamento profundo com os filhos, no cuidado, no amor incondicional. Minha vida de mulher moderna me roubou algumas dessas coisas. Deu-me outras é certo... Mas, algumas experiências que ela viveu eu jamais vou viver e lamento... Somente por hoje quero ser poetisa e escrever o poema mais sublime, feito de uma só palavra, a mais perfeita que existe. Mas, antes vou enfeitar esse poema com cobertores quentinhos, sopas gostosas, cafunés, sonhos realizados, sorrisos, lágrimas, vick vaporub, compressas quentes, pavês, biotônico fontoura, cantigas de roda, assombrações e muito, muito amor. Esse poema tão especial se escreve assim: “MÃE”.

ELIANE BRITO, é advogada, escritora, compressas cronista e a filha mais orgulhosa do mundo. (eliane@rodovalho.com.br) Publicado na revista M.F.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Parabéns a todas as mães!


Linda essa mensagem que recebi hoje e compartilho com todos vocês:


Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:- "Dizem-me que estarei sendo enviado à Terra amanhã... Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?"E Deus disse:- "Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e tomará conta de você."Criança:- "Mas diga-me: aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?"Deus:- "Seu anjo cantará e sorrirá para você... A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz."Criança:- "Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?"Deus:- "Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar."Criança:- "E o que farei quando eu quiser Te falar?"Deus:- "Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar."Criança:- "Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?"Deus:- "Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida."Criança:- "Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais."Deus:- "Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, lhe ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você."Nesse momento havia muita paz no Céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente:- "Oh Deus, se eu estiver a ponto de ir agora, diga-me por favor, o nome do meu anjo."E Deus respondeu :- "Você chamará seu anjo de ... MÃE!"