quarta-feira, 11 de novembro de 2009

LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Na vida estamos sempre cercados pelo medo. É o medo da violência que cresce assustadoramente; É o medo da economia que parece que vai ter uma nova derrocada; É o medo dos radicais livres, terror de todas as mulheres; É o medo da gripe, de um acidente, qualquer fato aleatório que possa nos retirar da nossa tão amada e querida rotina. Para nós, intelectuais, o maior medo possível é o de dizer o óbvio... Tenho pavor de sentar aqui nesse computador e escrever exatamente o que lhe agrada, caro leitor.
Pode parecer pretensão minha, mas eu sei como atingir o seu coração. É só escrever textos “politicamente corretos”, sem usar um palavrãozinho, sem tocar em nenhuma minoria e tudo fica perfeito. Respeitar os assuntos tabus, e são tantos... Religião, política, sexo, autoridades, homossexualismo, etc. O problema é um só. Ficamos sem assunto, não é mesmo? Você aí do outro lado, quer pensar, quer provar novos conceitos, idéias, concepções que de alguma forma possam transformar a sua vida.
A nossa Carta Magna garantiu a ampla e irrestrita “liberdade de expressão.” Assim, por maldição ou escolha própria, não sei, decidi relatar a vidinha bem pacata e classe média dos meus concidadãos. Talvez a vida real, aquela que realmente valha a pena. Falo da dona-de-casa, da mãe, da executiva, dos trabalhadores, do homem médio, como diria o filósofo, do cidadão comum... Todos os dias bato papo com o porteiro do prédio, com a empregada que chega com o pão, com a vizinha, com as pessoas na rua. É impressionante como podem ser ricos esses diálogos. Como eles retratam e materializam nosso momento atual. O mundo em que vivemos.
E como é bom ser testemunha de seus medos e terrores. É o medo da carestia, medo da crise econômica, medo do fim do mundo. Medo de ir para o inferno (têm gente que ainda têm). E as expressões impagáveis que eles usam? Quem vai colocar nos jornais? Expressões como uma bastante utilizada por minha secretária: _Pelo sangue do cordeiro! E suas justificativas? Esses dias, após soltar essa pérola, bateu na boca e pediu perdão à Deus na mesma hora. Perguntei o motivo e ela me relatou que todas às vezes que soltava esse “caco” os anjos no céu caiam de joelhos no chão, com o rosto por terra.
Só a força da criatividade mesmo pra nos livrar da mediocridade sem fim do óbvio. É por isso que, quando digo que o meu maior medo é o de me render ao lugar comum de falar o esperado, entenda-me: Mesmo quando eu atingir algo que lhe é caro, não se assuste. Isso é uma celebração a diferença. Ao inexato. A revolução, que deve acontecer em nossas vidas todos os dias. São essas transformações que trouxeram (nós humanidade) até aqui.
Pode não ser um mundo ideal e não é. Pode não ser um mundo cor-de-rosa e não é. Mas é um mundo onde se briga pela liberdade. De cada um dizer o que quer, da forma que melhor lhe convém, sem censuras. Essa, a maior vitória do século XXI. E mais, de cada um, viver dentro do que acredita e com alguém observando e contando essa incrível história (nós escritores). Bem disse Voltaire: “Posso não concordar com nada do que você diz, mas daria minha vida para que você possa dizê-lo”.

ELIANE BRITO, é cronista, escritora e advogada. "Recusando-se a aceitar censuras!" eliane@rodovalho.com.br

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre ser forte, ter atitude e renovar!




Vamos admitir: O mundo está um tédio! Cansativo... E isso não é por falta de ideias para defender ou lugares para ir. É exatamente pelo contrário. Excesso de informação, de conceitos, de atividades. Começamos a sentir a escassez de algo bastante simples, como o tempo, por exemplo... Veio-me agora na cabeça a lembrança do coelhinho da Alice (aquela do País das Maravilhas), correndo de um lado para o outro, consultando seu relógio maluco e gritando que estava atrasado. Estamos sempre atrasados. Para tudo. Para acompanhar a gama de informações que circula na internet, teríamos que ficar conectados o tempo todo, acompanhar os fatos políticos, catástrofes etc. É um universo imenso que simplesmente não conseguimos absorver.
Vivemos a ânsia pelo novo, e isso pode ser perigoso. Explico. Perigoso porque na nossa sede de “estar por dentro” podemos cometer enganos, ter atitudes incoerentes, como, exemplificando (por comodismo mesmo), defender a bandeira da renovação em tudo. Essa atitude é bastante cômoda, porém traiçoeira, pois a mudança é importante e necessária, porém não podemos deixar de ter certeza de que realmente estamos mudando para melhor. Vivemos a era do marketing. A mídia pinta os quadros da mudança de uma forma tão bela que fica difícil não comprar as ideias que nos vendem. Tudo novo nos parece perfeito. É a era do consumo rápido em todas as coisas, relacionamentos, posições políticas, bens materiais etc. A expressão da hora é “zona de conforto”. Todos em bloco lutando para se libertar dessa famosa zona. Quem opta pela estabilidade, solidez de princípios pode incorrer na alcunha de retrógrado, ultrapassado. É nessas horas que gosto de ostentar meu título de rebelde! Enquanto todos lutam pela mudança para qualquer coisa ou qualquer lugar, caminho na direção contrária, busco a densidade e a solidez das grandes obras, dos grandes ideais, de quem trabalha direito e faz as coisas acontecerem de forma verdadeira e eficaz. Fazer o quê, se a rebeldia e a inteligência são traços marcantes do meu caráter.
É tudo uma questão de autoestima. Quem tem personalidade sabe que a atitude correta a tomar passa sempre por ter opinião. Por defender aquilo em que se acredita. Atitude é trabalhar com seriedade. Atitude é ter personalidade, dar a cara à tapa na certeza de que está fazendo a coisa certa. Renovar sim, com segurança, com fortaleza, sabendo que nunca devemos desprezar quem trabalha com amor e fé em prol dos semelhantes. Atitude é conservar o status quo. Renovar é manter tudo refrescado e novo exatamente como está, porque essa é a melhor saída. Coragem é entender que aventuras são muito interessantes em filmes e em livros, mas na vida da gente... Como é bem-vindo um pouco de paz e serenidade.Precisamos aprender com os orientais, que fazem isso muito bem, muitas vezes devemos nos abster de agir e nos manter firmes e conectados com nossas instituições e valores estabelecidos. E se a mudança ocorrer, que seja dentro das estruturas que já estão em pleno funcionamento. A rainha, no livro de Alice, disse a seguinte frase: “É necessário correr o máximo possível para ficar no mesmo lugar. Se você quer chegar a algum outro lugar, deve correr pelo menos duas vezes mais rápido do que isso”. Isso é atitude, isso é renovação, mas isso, acima de tudo, é ser FORTE!


Eliane Brito é escritora, cronista, advogada, membro da Chapa OAB-Forte (eliane@rodovalho.com.br)