terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Será o fim da impressão?



Os livros surgiram no mundo há mais de 1800 anos, confeccionados em papiros e outros materiais. No séc. XIII Gutenberg inventou a imprensa e essa forma de conhecimento, restrita a poucos, disseminou-se para toda a população. Agora, novamente eles se reinventam, é a revolução dos livros eletrônicos. Seguidos pelos dowloads pela internet. O que escritores do mundo inteiro se questionam é: como será o formato do livro do futuro? E ainda mais, como se dará a leitura nas próximas décadas? Essa discussão inclui também jornais e revistas.
Tenho de admitir que, se eu tivesse uma lista de desejos, sem dúvidas o “número um” seria um Kindle. Esse pequeno livro portátil, capaz de armazenar até um mil e quinhentos títulos é o sonho de consumo de uma leitora voraz como eu. As vendas têm mostrado que os jovens do mundo inteiro já aderiram ao artefato eletrônico, provando mais uma vez que essa geração é extremamente digital. Desde que eu me entendo por gente, quando militava no movimento estudantil, o discurso era sempre o mesmo: _O jovem não lê, por que o sistema ditatorial tinha interesse em deixá-lo o mais alienado possível... Blá blá blá... Agora, qual seria a desculpa para não se ler? A evolução eletrônica tem mostrado que o jovem tem lido sim. E muito.
No Brasil, uma grata surpresa para o governo foi o número de acessos ao site do MEC, “Domínio Público”, que disponibiliza mais de mil títulos. Os ingressos já ultrapassam os seis milhões. Essa biblioteca virtual está provando que o brasileiro não lê, não porque seja alienado e sim, por questões econômicas mesmo. Quando se disponibiliza o conteúdo grátis de uma publicação pela internet, o incrível número de visitantes mostra que as pessoas têm sede de conhecimento. Mas, o líquido do saber estava muito caro.
A tendência pela leitura eletrônica é foco de discussões em todo o mundo. O famoso jornal “The New York Times” teve de ser socorrido pelo governo americano, pois as vendagens caíram vertiginosamente devido ao grande número de acessos pela internet. O que prejudicou a venda dos jornais impressos. Na última feira do livro em Frankfurt, os debates mobilizaram todos os escritores. Como preservar os direitos autorais com o crescente número de dowloads de obras pela rede mundial? Nos sites oficiais, os direitos autorais são garantidos, pois, quando se baixa o conteúdo, automaticamente já se recolhe a parte do autor. É um caminho seguro e uma tendência. O problema é a pirataria, difícil de ser combatida. Para os outros meios de comunicação como jornal é fácil, basta se aderir as assinaturas digitais.
Todas as vezes que surge algo novo as pessoas se alarmam e disseminam o terrorismo psicológico. Não é o fim do papel impresso não... Para responder a esse questionamento basta observar. Por acaso a internet acabou com a televisão? Os DVDs acabaram com os cinemas? O tradicional tem seu valor agregado. A experiência de se deitar em uma rede, em um dia chuvoso, com um livro gostoso nas mãos, para horas de puro relaxamento é indescritível. O velho sistema tem sua magia... Porém, a palavra de ordem dos novos tempos é adaptação. Precisamos nos adaptar para evoluir. Sem abrir mãos de formas alternativas de leitura.
Papel, definitivamente está se tornando “démodé”... Esse é um aspecto positivo dessa revolução. O bem que se faz ao meio ambiente. Menos árvores serão derrubadas para a produção de livros, jornais e revistas, o que é uma forma inteligente de contribuirmos para a preservação do planeta. Vivemos a era da disseminação do conhecimento, de forma rápida, eficaz e sustentável.
Já dizia minha mãe: “Árvore que não cresce, não dá sombra”. Quem lê é como uma árvore frondosa e enraizada. Dá uma sombra gostosa, gera frutos e torna o mundo melhor. Ninguém poderá deter esse processo de disseminação e popularização da cultura. Ainda bem!

ELIANE BRITO, é escritora, advogada e cronista. Autora do livro: “Do pequi ao sushi- Crônicas de viagens”. eliane@rodovalho.com.br

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo que esse não é o fim da impressão. A relação emocional que temos com um livro tradicional nunca será igual àquela que temos com livros digitais.