quarta-feira, 31 de março de 2010

Vivendo com borbulhas! “Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário.” ( Napoleão Bonaparte, sobre o Champagne)

Fomos apresentadas no dia do meu casamento. Ali, naquele momento tive a certeza de que ela me acompanharia por toda a vida. Apaixonei-me instantaneamente e maravilhada admirei sua cor, suas borbulhas, o jeito suave como ela se escorregava pela minha garganta. Calma... Refiro-me ao champagne. Devo, porém, confessar, que tenho uma predileção pela viúva (quem conhece compreende) e sempre que posso  delicio-me com uma taça.

Nosso encontro não se deu de forma tão tardia, afinal, casei-me praticamente adolescente. Entretanto, naquele momento uma certeza cristalizou-se em minha alma: Era amor eterno. Nosso casamento era pra sempre. As relações humanas são inconstantes, muitas vezes findam sem motivo, porém esses pequenos prazeres podem nos acompanhar a vida inteira. Os espumantes em geral são um deles. Diz à história que foi descoberta pelo Abade Don Pérignon, porém, temos relatos de vinhos frisantes e espumantes na Europa desde o séc. XII. O famoso abade (marca hoje de um dos melhores champagne do mundo), simplesmente aprimorou o processo de fabricação. Digamos assim, facilitou o caminho para que ela viesse a ser fabricada em grande escala.

Como toda apaixonada tratei de descobrir tudo sobre o foco de minhas atenções. Estudei, pesquisei e até, visitei vinhedos pelo mundo afora... Nas palavras de Tilar Mazzeo, citando o jovem e devasso poeta L. Byron: “a única coisa que as mulheres podem ser vistas comendo é salada de lagosta e bebendo champagne.” Devemos admitir que seja uma idéia bastante atraente. Assim, no curso de minha vida, aprendi a apreciar esse líquido que nos torna mais belas e resplandecentes.

Essa idéia (de que eu adoro champagne) grudou-se de tal forma na minha personalidade, que fatos curiosos acontecem. Por exemplo, em meu último aniversário só ganhei o precioso líquido. Aqui, cabe um esclarecimento: Gosto sim, desse néctar das uvas, mas também aprecio roupas, jóias, sapatos, perfumes, bombons, etc. Outro fato curioso é que as pessoas pensam que só por que se conhece um pouco sobre vinhos espumantes, entendo tudo de vinhos. Aqui cito meu pai, sempre que o indagam sobre casamento (afinal, ele tem quase 50 anos de casado) ele afirma que não entende nada de casamento... Quando o contestam, ele esclarece: _ Olhe, de casamento entendo pouco, afinal só casei-me uma vez, do que eu entendo bem é de Dona L., minha esposa, essa conheço em profundidade. Assim, aproveitando o gancho explico: Entendo mesmo é de champagne, de vinhos, conheço muito pouco...

Um dos aspectos que acho curioso na indústria do champagne e o fato de ter, mesmo no séc. XVIII, muitas mulheres á frente dos negócios. Muitas viúvas inclusive. Após as guerras napoleônicas, por exemplo, a viúva Clicquot, conseguiu dominar totalmente o mercado Russo, transformando sua marca em um ícone de luxo e ostentação nas cortes do Ksar. Até hoje, os povo russo prefere essa marca, em detrimentos de outras. O fato é que a champagne (e aqui uso o termo no feminino) absolutamente, não é uma bebida feminina. Ocorre que, nós mulheres, amamos aquelas taças em formado “flute” e os homens também, admitam! Quando pilotamos uma dessas taças nos sentimos especiais, doces, românticas, poderosas. O que deve ser o objetivo de todo vinho. Não existe som mais doce na terra do que o espocar de uma garrafa. O estampido já nos deixa alerta, e quando o “Créman” escorre pelo gargalo e se aloja no fundo da taça, com suas diminutas bolhas subindo numa sinfonia perfeita em direção às nossas lindas boquinhas. Ah! É o máximo!!! Para mim, é uma necessidade absolutamente básica. E, é por isso que encerro esse artigo, espocando uma bela garrafa de rótulo laranja, talvez a primeira, talvez não. Voilà!!!

ELIANE BRITO, é escritora, cronista e advogada. eliane@ rodovalho.com.br.

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