quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ADVOGANDO COM PAIXÃO!


Os dados não são exatos, porém, demonstram que as mulheres advogadas superam em quantidade o número de homens. Na prática, poderia ser ainda mais expressiva a presença feminina na militância jurídica. Presença real, pois, muitas mulheres ostentam a carteirinha dessa entidade poderosa, como um troféu, um luxo que carregam na bolsa. Muitas se dedicam a outras atividades, enquanto mantém essa porta aberta, como uma possibilidade remota. Para o caso de resolverem advogar no futuro...
Por outro lado, vemos mulheres brilhantes, fazendo a opção pela estabilidade de um cargo público, em detrimento dos desafios e incertezas do dia-a-dia de uma advogada. Mesmo quando guerreiam na advocacia pública, sofrem as limitações inerentes à função. Sejamos honestos: Advogar não é fácil. Seja para qual sexo for. Porém, a situação da mulher no mercado de trabalho é agravada por diversas influências aleatórias, diferentes das experimentadas pelos homens. E, o nosso constituinte já sabia disso, quando erigiu à categoria de princípio constitucional a dignidade da pessoa humana. Em sua exposição de motivos, trabalhou com a máxima de que devemos tratar a todos com igualdade “e os desiguais na medida de suas desigualdades.”

Sejamos ainda mais honestos: As mulheres são diferentes; procriam, trazendo seres ao mundo que precisam ser amamentados, cuidados e formados; administram lares, escritórios e por aí vai... A lista de tarefas de uma mulher é imensa. Para coroar tudo, ainda são as estrelas principais do show, quando atuam no palco da justiça. Quantas e quantas vezes ficam ouvindo piadinhas machistas pelos corredores do fórum, fazendo um ar blasé, com a cabeça fervendo com tantas responsabilidades... Isso enquanto se equilibram em scapins altíssimos, envelopadas em saias justíssimas (tudo pelo decoro jurídico).
Se o mundo fosse justo -o que eu já descobri que não é- seria respeitada a resolução do órgão especial do Tribunal de Justiça de Goiás, garantindo o direito das advogadas de trabalharem com a mais democrática das roupas: Calça jeans! E um belo par de tênis nos pés! Isso sim é retidão. Mesmo que a regra exista, sabemos que na prática costumeira, é inviável... Para piorar, correm desengonçadamente pelos corredores da justiça, enquanto carregam computador de mão, celular e outras parafernálias, que ajudam a controlar filhos, marido, clientes, etc. Haja fôlego!
Ainda bem que contam com a OAB. A ordem tem atuado de forma implacável na defesa dos direitos e prerrogativas das advogadas. Através de ações concretas, tem garantido a dignidade e o respeito no exercício da profissão. Isso, de certa forma, tem contribuído para que mais mulheres optem pelo exercício da advocacia.
Apesar dos pesares confessemos: É emocionante advogar. Quando se adentra o escritório e a secretária eufórica balança uma decisão na sua frente e exclama; _ liminar! Ou, outro fato qualquer, esquece-se todos os contratempos. Sente-se o gosto doce da vitória. O prazer de realizar um trabalho digno e que gera frutos. A satisfação é o sentimento remanescente. É uma profissão instigante, que coloca o profissional em contato com pessoas de diferentes atividades, com atuação em múltiplos ramos da sociedade civil.
Para melhorar, ainda é uma profissão que não mantêm a advogada presa dentro de quatro paredes (pelo menos o tempo todo). Se ganha mobilidade, o que é estimulante mentalmente. Propicia um conhecimento profundo da alma humana, de suas mazelas e dores. Arrematando, é gostoso saber que se pode contar com uma entidade de classe forte e atuante. Que nos supre com a o respaldo, aliado a força necessária para trabalhar e ter sucesso! Se você é mulher e têm esse pequeno luxo (a carteirinha...) na sua bolsa, venha, advogue, faça sua vida bem mais apaixonante!

ELIANE BRITO é escritora, advogada, membro da Chapa OAB FORTE.
eliane@rodovalho. com.br. Artigo publicado no DM do dia 25/10/2009

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