terça-feira, 4 de agosto de 2009

PRESENTES DA VIDA.


Hoje ganhei dois presentinhos maravilhosos... Meu coração está até apertado enquanto escrevo e olho suas carinhas peludas descansando aos meus pés. Ganhei dois cachorrinhos da raça “Lhasa Apsu”. São cor de caramelo e tão fofinhos que sinto que fui extremamente abençoada. Rapidamente digitei na internet o nome da raça procurando por informações. Descobri que são originários do Tibete. Treinados para serem guardas nos templos budistas. Calmos, inteligente e extremamente amorosos.
Mas, o que mais me impressionou, foi o fato de que para a cultura tibetana é importante ganhar esse cachorro. Ele deve chegar as suas mãos como um presente. E foi exatamente o que aconteceu comigo... Seria um sinal? Eles também acreditam que quem recebe um cãozinho desses em casa se torna extremamente abençoado. Crêem que é o cão quem escolhe o futuro dono, pois, a alma dos grandes sábios, que já alcançaram à iluminação, reencarna nesses animais.
E, olha que eles lutaram para estar ao meu lado. Assim que nasceram, o dono me procurou oferecendo os animaizinhos. Como eu não demonstrei interesse, pois moro em apartamento, acabei recusando. Nos últimos dois meses, ele voltou a me procurar, insistindo. Eu me mantive categórica. Irredutível em minha recusa. Até que hoje em um golpe de mestre tibetano, me aparece em casa levando as duas preciosidades no colo. Foi amor à primeira vista. Eu, que não queria nem um cachorro, me agarrei aos dois e não soltei mais.
E olha que vos escreve uma mulher de coração ferido. Já se vão um ano e meio que morreu minha cadelinha “Paris”. Jurei por todos os santos que jamais teria cachorros novamente. Minha dor na época foi tão grande, que não me sentia capaz de suportar outra perda. Pensando nisso, procurei lembrar dos ensinamentos budistas e fiquei olhando aquelas bolinhas peludas, durante a primeira hora de convivência e repetindo (para me confortar, é claro...): _Você vai morrer, sabia? Um dia você vai embora... Aplicava o ensinamento de Buda sobre a prática do desapego... Ele dizia que é importante “aprender a deixar as coisas partirem”. Desfrutar da convivência sem grande dedicação. E aceitar, quando chegar à hora da separação. Nada é eterno. A realidade é uma ilusão em constante mutação.
Mas, não adianta! Sinto que já me apaixonei! Estou perdida como todos os apaixonados... O cérebro não pode sobrepujar a emoção. E agora, já começo a repetir a seguinte frase: _ Vocês são lindos! Cheios de saúde e vão viver muito ao meu lado. Maria, minha secretária, que passava pelo cômodo nessa hora, exclamou: _ihhh! Já vi tudo! Se acontecer alguma coisa com esses cachorrinhos, você vai parar na UTI!
É isso mesmo. Não tem jeito de sentir uma emoção pela metade. Se for para amar que seja por inteiro. Com o risco da perda, do sofrimento, da dor. Eu aceito a aflição que eles possam me causar e aceito também todo o amor que eles trazem para mim. Eu nunca fui boa em desapego, mesmo. Portanto, sejam bem vindos!

ELIANE BRITO, é escritora, advogada, autora do livro “Do Pequi ao sushi – Crônicas de viagens.” eliane@rodovalho.com.br.

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