sexta-feira, 6 de março de 2009

SOBRE MULHERES E METÁFORAS



“A natureza deu tanto poder à mulher, que a lei por prudência, deu-lhes pouco”. Samuel Johnson.

Se existe uma coisa de que eu gosto são de metáforas. E que eu não gosto também. Eu diria que elas são o último recurso que utilizamos, quando realmente não dispomos mais de palavras para descreverem uma pessoa ou objeto. Por isso às vezes elas são divertidas e outras são pobres. É uma espécie de método primitivo, usando de analogias para decifrar um significado. Seria para a linguagem o que os mímicos são para o teatro. A representação de uma realidade que ultrapassa a face comum das palavras. Observando a literatura, talvez o ser mais premiado com metáforas, tirando Deus, é a mulher.
Ao longo da história fomos laureadas com tantas interpretações diferentes. Às vezes somos anjos, às vezes demônios; Nossos corpos podem ser violinos ou como as curvas de uma estrada; Às vezes somos como rosas e às vezes (pasmem!) como espinhos. Quantas contradições! A complexidade do sexo frágil enlouqueceu ao longo dos séculos a mente dos escritores e artistas.
O léxico nos premia com sua descrição: “Pessoa do sexo feminino”. Tão simples, tão fácil...Ser mulher é muito mais. A sequidão do dicionário não pode contemplar como é vasto e imenso o espírito de uma mulher. Como ele se desdobra e se reconstrói, voando dilatado sobre o mundo e os oceanos. Essa capacidade se materializa quando temos um filho. Mesmo distantes, somos capazes de intuir e perceber todos os passos de nossos filhos, suas necessidades. Nos alargamos para comportar outro espírito. Para sermos mais que mulheres, sermos todos os espíritos que parimos. Todos os espíritos a quem demos vida.
Fiquei grávida a primeira vez com dezoito anos. Quando coloquei minhas mãos sobre meu ventre, que abrigava gêmeas, naquele momento me fiz mulher. Naquele momento, percebi que seria capaz de qualquer coisa para garantir que aquelas vidas se perpetuassem. Minha idade não importava... Nem o fato de ser praticamente uma adolescente. Eu me tornei uma (Olha a metáfora...) leoa! Que mistério imenso que é ser mãe! Fiquei rechonchuda, um pouco disforme, mas, como eu me sentia plena, especial, importante. E como eu era naquele momento! Carregava uma semente que poderia mudar o mundo, participava com Deus do ato supremo da criação.
Ah! As mulheres... Perdoem-me as feministas, nosso grande objetivo aqui nesse planeta é procriar. Já está provado. O resto é tudo “frufru”. Darwin provavelmente explicaria isso tudo melhor do que eu. Nós mulheres para garantirmos a preservação da espécie, viemos com um aparato que não permiti defesas ao sexo masculino. Aparência delicada, porém com as curvas certas. Inteligência sutil, que garante que a prole vai crescer em segurança; Lábios carnudos, convidando à paixão. Pele macia como um pêssego (malditas metáforas!), para que os machos se sintam atraídos para o amor; Feromônios, um afrodisíaco natural, dizem que essa a grande arma feminina. Funcionamos como uma espécie de predadoras altamente sofisticadas, buscando alcançar um objetivo simples: Garantir que o DNA humano se perpetue na terra.
Dentro da teoria criacionista, Deus fez o homem primeiro e a mulher depois, penso que foi por que ele queria aprimorar alguma coisa. Acrescentar algo mais! Apimentar um pouquinho quem sabe... Você homem aí do outro lado não adianta pular na cadeira! O importante é que ele mais uma vez acertou! Somos verdadeiras deusas! Somos... Como uma doce trufa... Crocante por fora e deliciosas por dentro! Somos como um quindim... Como uma bela e apimentada moquequa... Temos olhos de ressaca, cabelos negros como as asas da graúna, mãos que parecem teias, seios como frutos da palmeira, mistérios que lembram um jardim secreto. Hálito do mais doce vinho. Bom, é claro que nem todas as metáforas do mundo podem explicar o que somos. O fato é que, na escala evolutiva somos o ápice da evolução! E que ninguém discorde.

ELIANE BRITO é escritora, advogada, autora do livro: “Do Pequi ao sushi- crônicas de viagens.” eliane@rodovalho.com.br

Um comentário:

Fernanda disse...

A sua habilidade c/ as palavras é simplesmente perfeita.