terça-feira, 13 de janeiro de 2009

CORAGEM E FORÇA PARA AVANÇAR


Aristóteles disse: “A coragem é a primeira qualidade humana, pois, garante todas as outras.” Suspensa a dezesseis metros de altura, presa por um cabo de aço, lembrei-me claramente dessa frase, enquanto uma pergunta martelava na minha cabeça: _ O quê estou fazendo aqui? Havia resolvido praticar arborismo, técnica que nos permite, presos por cabos de aço, caminhar por sobre as árvores, com diferentes níveis de dificuldade. Quando me escrevi no programa, o instrutor havia me alertado que aquele não era um arborismo comum, desses praticados em colônia de férias... Apresentava um nível de dificuldades bem alto, sendo procurado até por praticantes de alpinismo. Mas eu, não havia acreditado... Agora estava ali, segurando em uma rede, suspensa no ar, com os tendões do braço parecendo que iam se partir a qualquer momento. Em um esforço hercúleo, consegui mover as pernas, liberar os braços e alcançar a plataforma de madeira, que servia de ponto de descanso para a próxima etapa.
O suor escorria pelo meu rosto, quando o instrutor me perguntou se estava tudo bem... Assenti e pensei: “Agora virou questão de honra! Vou até o final...” a próxima etapa era um caminho composto por minúsculos quadradinhos de madeira de 10 cm², dispostos a intervalos regulares de aproximadamente trinta centímetros e mais nada. Em baixo divisava um emaranhado de vegetação e árvores. Para apoiar, corrimões de cabo de aço, que à medida que pisávamos, abriam cedendo de forma perigosa, forçando ainda mais os membros. Em alguns momentos quase desisti... o medo farejava meus passos. Não me esquecia que a altura era equivalente a um prédio de seis andares.
Havia visto um documentário tempo atrás, que mostrava como executivos participavam dessas atividades para trabalharem a autoconfiança, determinação e coragem. Todos esses ingredientes e ainda acrescentaria uma dose de ousadia, realmente realizam grandes proezas. Porém ali, com os braços doloridos, arfante, a vontade era de abandonar a empreitada. Mas, nesses momentos onde parece que tudo está perdido, o corpo parece nos suprir com uma reserva extra de arrojo e teimosia e assim, prossegui...
Comecei a última etapa do percurso (duas decidas rápidas em tirolesa) orgulhosa e maravilhada com a minha coragem. Muitas vezes, para se conseguir progredir na vida é necessário apenas um bom ponto de apoio. Esse ponto nos garantirá que avancemos e no final alcancemos a vitória. Deslizei pelos cabos, que me jogaram na água, destino final da aventura, sorrindo como uma criança. Fiquei ali, boiando e relaxando e sentindo o sabor maravilhoso que só existe quando superamos nossos limites e alcançamos algo por nosso próprio esforço.


ELIANE BRITO
É escritora e cronista, advogada, autora do livro “Do pequi ao sushi- Crônicas de viagens”. (eliane@rodovalho.com.br) Crônica publicada no DM do dia 11 de janeiro de 2009.

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